segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Como equilibrar vida pessoal e profissional



Fonte: Jornal do Commercio - RJ - Carreiras - 11/02/2005 [ <· Voltar ] [ Imprimir ]

Pesquisa de Recursos Humanos 11.02.2005
Vinicius Neder
Horas extensas de trabalho, pressão por resultados e prazos curtos. Para muitos profissionais, lidar com esse quadro significa deixar a vida pessoal em segundo plano. Especialistas em orientação de carreira e profissionais experientes, porém, acreditam ser possível equilibrar trabalho e vida pessoal. Buscar parcerias dentro das equipes é um dos caminhos para lidar com a situação.
Como a opção por dedicar mais atenção para a vida pessoal parte de uma auto-análise de cada profissional, é preciso incluir a questão no planejamento da carreira. Este início de ano é um bom momento para a reflexão. Segundo Vicky Bloch, presidente da DBM do Brasil, o equilíbrio depende de opção do profissional.
- Há quem se dedique mais ao trabalho simplesmente porque tem problemas de relacionamento na vida pessoal - lembra a consultora.
A publicitária Maria Eduarda Bastos, gerente de comunicação do Blah!, empresa de conteúdo para celulares do grupo Telecom Italia, diz que é preciso estabelecer parcerias. 'Percebi que ao dar o máximo de produtividade no trabalho, tenho credibilidade para dedicar-me à vida pessoal quando preciso', diz.
Vicky Bloch concorda. 'As empresas privilegiam os profissionais que tenham mais impacto nos resultados', diz. Portanto, a questão não é passar horas a fio trancado no escritório, mas sim aproveitar ao máximo o tempo no trabalho.
- Fui aprendendo com o tempo a trabalhar mais intensamente, por menos tempo. Com mais experiência, o profissional adquire ferramentas para fazer as coisas mais rapidamente - afirma Maria Eduarda, que tem 14 anos de carreira e passagens por outras empresas de telecomunicações, como Telemar e Intelig.
Mãe de uma menina de nove anos, Maria Eduarda conta que diante de uma responsabilidade maior, a vida pessoal ganha mais peso. 'Com um filho doente, por exemplo, não adianta trabalhar dez horas seguidas porque a produtividade será baixa', diz.
Quando sua filha teve catapora, descobriu a importância do relacionamento com o chefe. 'Negociei um horário especial', conta a publicitária, à época na indústria do petróleo. 'Também já vi profissionais de baixa performance tornarem-se altamente produtivos depois que a empresa compreendeu um problema pessoal', completa.
Estabelecer este diálogo, segundo Vicky Bloch, é uma forma de lidar com uma realidade: é impossível separar totalmente o trabalho da vida pessoal. 'O ser humano é inteiro. O profissional só consegue se desligar se não tiver pendências no trabalho', avalia.
A tática de se desligar do trabalho é a mais usada pela diretora de comércio exterior da São Paulo Alpargatas, Ângela Tamiko Hirata. Com 20 anos de carreira em comércio exterior, foi responsável pela inserção das sandálias Havaianas no mercado internacional e lida com clientes de 70 países.
- Com a evolução da informática, é cada vez mais comum profissionais levarem trabalho para casa. Faço questão de deixar o notebook no trabalho - diz Ângela, embora confesse que precisa atender o telefone de vez em quando. 'Como há clientes em fusos horários diferentes, é preciso atendê-los. No entanto, tento sempre resolver os pedidos no dia seguinte', completa.
Eliane Leite, da Sharped Consultores, defende que o trabalho não deve ser encarado negativamente. 'A postura de cada um diante do trabalho também é importante. O trabalho pode ser algo mais prazeroso e, portanto, menos estressante', garante.
Contudo, Ângela Hirata concorda que trabalhar intensamente, com alta produtividade é o passo inicial para conseguir se desligar do trabalho. Organização e disciplina são fundamentais para dimensionar melhor o tempo e aumentar a produtividade. 'Cheguei a essa conclusão com o tempo, mas deveria ter focado nessa disciplina desde o começo da carreira', diz.
Embora tenha se dedicado intensamente ao trabalho no início da carreira, tem uma visão crítica sobre a prática, comum entre jovens profissionais. 'Dependendo da relação com o chefe, é possível ter essa visão de organização do tempo logo no início', afirma Ângela. A diretora considera o trabalho de equipe outro ponto fundamental para garantir o equilíbrio com a vida pessoal.
Mulheres têm mais dificuldade
Profissionais do sexo feminino tendem a ter mais dificuldade em conciliar vida pessoal e trabalho, principalmente quando enfrentam dupla jornada. 'Quando a mulher é mãe, é ainda mais difícil buscar o equilíbrio', diz a publicitária Maria Eduarda Bastos. Eliane Leite, da Sharped Consultores, acredita que, apesar da evolução recente, o machismo ainda é um obstáculo em alguns casos.
- Alguns homens não aceitam que suas mulheres tenham sucesso profissional maior que o deles. Isso pode abalar um casamento, e, portanto, interferir na carreira - analisa Eliane. Ângela Hirata, da São Paulo Alpargatas, fez sua carreira numa área dominada por homens e já enfrentou preconceitos maiores em países como o Japão. 'Mas as mulheres têm a vantagem de serem educadas com maior preparo emocional', pondera.

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